A arquitetura é a harmonia entre proporção, forma e material. Uma resposta concreta às exigências. E as janelas? São um elemento essencial para se obter uma combinação ideal entre funcionalidade e estética. A opinião da arquiteta Perrine Ernest acerca do papel preponderante das janelas na composição de fachadas e edifícios.
Qual é o papel da janela enquanto elemento de design arquitetónico?
As superfícies envidraçadas são extremamente importantes para o desenho do envolvente do edifício. Contrariamente a uma parede maciça, o vidro pode refletir, por assim dizer, a ausência de material. As janelas dão ritmo às superfícies, criando leveza. Concetualmente, as janelas são um elemento de design importante na linguagem arquitetónica. São o ponto de partida para uma série de jogos geométricos e contribuem para a formação do todo. As janelas conferem caráter às fachadas e definem e estética de todo o edifício.
Enquanto arquiteta, quais são os critérios estéticos que utiliza para escolher as janelas?
Depende do edifício, do estilo arquitetónico e dos requisitos concretos do cliente. O resultado final deve ser harmonioso. A tendência atual é “eliminar” os aros das janelas. Os perfis estão a ficar cada vez mais estreitos e finos, quase invisíveis. No entanto, do ponto de vista estético, também pode ser interessante destacar propositadamente os aros. Por exemplo, pode colocar-se a folha da janela em evidência ou destacá-la através de uma combinação de materiais.
De que modo é que a modularidade e a materialidade das janelas influenciam a arquitetura?
A resposta é muito simples: com a liberdade formal, a nossa liberdade criativa aumenta. Uma ampla seleção de materiais, cores e estruturas, combináveis entre si graças ao sistema modular, permite possibilidades infinitas, até no que diz respeito a detalhes. Tudo pode ser personalizado: desde a cor dos bites, aos separadores entre os vidros, a estrutura dos elementos envidraçados, a sua reflexão.
Mas também se trata sempre da interação entre interior e exterior, não é certo?
Sim, as janelas podem, por exemplo, emoldurar paisagens ou jogar com perspetivas. Sobretudo as superfícies de vidro amplas dissolvem as fronteiras entre o interior e exterior, criando um efeito especial de amplitude. É possível abrir e ampliar espaços pequenos, colocando as janelas de forma inteligente. A luz define o espaço.
Qual é a importância das janelas no bem-estar e na qualidade da habitação?
É infinitamente importante. As janelas dão-nos luz e sem luz não podemos viver. Além da luz natural indireta, com um planeamento preciso das janelas, também se pode trazer luz solar direta para dentro do edifício. O jogo de luz e sombra criado no ambiente vai mudando ao longo do dia, contribuindo para o bem-estar.
Quais são as tendências de design atuais, quais serão as próximas evoluções?
A questão da eficiência energética marca a nossa atualidade. A arquitetura oferece um contributo significativo para a sustentabilidade e podemos constatá-lo através do design. O desafio é reduzir ao máximo a pegada ecológica dos edifícios e continuar a desenvolver a linguagem formal arquitetónica.
Como é que podemos superar esse desafio?
Por um lado, optando por materiais recicláveis, cujo fabrico tenha o menor impacto possível sobre o ambiente. Por outro lado, através de envolventes de edifícios eficientes que não só garantam um isolamento perfeito, como também aproveitem, por exemplo, a energia solar passiva. Sustentabilidade pode, porém, também significar a projeção de edifícios versáteis que se vão modificando em função dos requisitos de utilização, evitando-se assim reestruturações.
Qual é o papel da sustentabilidade na escolha de um produto?
Hoje em dia, ao escolher um componente de construção, não se pode ignorar a questão da durabilidade e sustentabilidade. Além disso, há outros critérios a ter em conta, como p. ex., o preço e o equipamento técnico, etc., mas, para a envolvente do edifício, os pontos decisivos são sobretudo a durabilidade e a sustentabilidade.